"O essencial é invisível aos olhos. Só se vê bem com o coração."

É verdade... só se vê bem com o coração... só é possível enxergar assim. Com a alma... quando temos o coração aberto, a alma atenta... quando nos permitimos divagar além da superficialidade dos sentidos... e dar margem ao sexto, ao sétimo... ao que de fato é real. Ao que existe dentro de nós e preenche todas as dimensões do universo...

Você continua sendo um de meus melhores amigos... se nao for o melhor... e não quero que isso se perca nas rudezas do tempo... nas crueldades de nossas vidas... nas friezas de minhas atitudes...
(...)
E nas frações de segundo que li suas palavras, um turbilhão de sentimentos! e reli! e li mais uma vez... e os sentimentos não se organizaram...
(...)
O que aconteceu entre nós? por que aconteceu? também não sei... mas não tenho a menor dúvida de uma coisa: não me arrependo...
(...)
Não duvide nunca... você é uma das pessoas mais incrívei que conheço... tenho convivido com muita gente bacana, conhecido muita gente nova... mas nada me faz mudar a idéia maravilhosa que tenho de você... E você continua sendo uma das pessoas mais importantes de minha vida!! sabe porquê? porque você carrega consigo um pouco de minha história! porque você é um pouco de mim... e eu sou um pouco de você...
(...)
E nem tudo é como você imagina... eu sempre te amei. E muito... mas acho que você sempre me desestruturou... e eu nunca soube administrar direito o que sinto por você...

Leoni canta... ouço pela primeira vez suas músicas mais recentes. E por algum motivo escuso, meu coração acelera... Serão lembranças de uma época distante e feliz? Será expectativa? Ou é apenas essa voz e violão, que dão a sensação de estarem aqui pertinho, sussurrando ao pé do ouvido? Porque sempre que escuto Leoni, tenho a impressão de que se eu abrir os olhos ele estará aqui. E nunca sei se essa dúvida advém da sutileza com que esboça as notas musicais, ou se é porque suas letras são impregnadas de alma. Do tipo que nos traduz. Que se tivéssemos semelhate brilhantismo e sensibilidade não escreveríamos melhor, não explicitaríamos com mais exatidão os arroubos e torpores do coração.

"Canção feita de pele, pra usar debaixo da roupa. (...) Canção de fim de tarde, pra se encontrar nos seus poros (...) Pra te cobrir de sorrisos quando eu chorar de saudades..."

Anos Dourados

Parece que dizes, te amo Maria
Na fotografia estamos felizes
Te ligo afobado e deixo confissões no gravador
Vai ser engraçado se tens um novo amor

Me vejo ao teu lado
Te amo, não lembro
Parece dezembro de um ano dourado
Parece bolero, te quero,
Te quero dizer que não quero
Teus beijos nunca mais

Não sei se eu ainda te esqueço de fato
No nosso retrato pareço tão linda
Te ligo ofegante e digo confusões no gravador
É desconcertante rever o grande amor

Meus olhos molhados, insanos dezembros
Mas quando me lembro são anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais

DA FELICIDADE

Quantas vezes a gente,
em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!

(Mário Quintana)

Magoei um amigo. Não tive a intenção, não percebi a gravidade... Estava tomada por outros sentimentos, que não me deixaram enxergar com lucidez... Mas está me doendo tanto... Ah, aceitaria até ser a "magoada", só para nao ter de enfrentar esse aperto no peito... Como é duro isso! Como é injusto, fazer a mal a quem amamos, a quem é tão importante para nós... E o que mais tortura, é a tal da decepção... essa sim, destrói! lá e cá... tudo que é construído com tanto carinho, com tanto tempo, para que numa fagulha, num lapso de leviandade as coisas se estremeçam...

Depois do fatídico, não consegui vir direto para casa. Precisava respirar. Antes que eu me desse conta, meus pés me guiavam em direção ao mar. Sentei na orla. Sozinha. Cheia de livros no colo, jeans salpicado de areia, brisa morna de fim de tarde, e algo sufocando a alma. Uma carta que nunca aspirou ser remetida foi esboçada... Mas nada me fez ainda desvencilhar desse remorso... Sei que vai passar. Até lá, conviverei com mais essa auto-punição.

Só me resta tirar a lição, amadurecer, aguçar os sentidos... refinar a alma...

É domingo cedinho! e o Sol, que ignora a cortina, invade displecentemente meu quarto... e me convida a ser feliz...

"É de manhã, vem o sol mas os pingos da chuva que ontem caiu
Ainda estão a brilhar, ainda estão a dançar
Ao vento alegre que nos traz esta canção

Quero que você me dê a mão
Vamos sair por aí sem pensar no que foi que sonhei, que chorei, que sofri
Pois a nossa manhã já me fez esquecer
Me dê a mão, vamos sair pra ver o sol

Vamos sair por aí sem pensar no que foi que sonhei, que chorei, que sofri
Pois a nossa manhã já me fez esquecer
Me dê a mão, vamos sair pra ver o sol"

É sábado. E Henriqueta e Fellini me cutucam: a vida é mais do que trabalhar, estudar, se matar para cumprir metas... se angustiar porque existem mil tarefas, e trabalhos, e obrigações. O melhor da vida é poder respirar em paz... olhar pro céu, pensar em tudo e pensar em nada. Perder-se no tempo! esquecer do relógio lá fora... vou me permitir esse luxo de fechar meu livro da faculdade, e deitar lá fora... preciso olhar as estrelas...

"O mundo girando e a gente parado..."

Era o que o grande Raul cantava quando cheguei em casa... Enfim em casa, depois de um longo percurso. Mais de uma hora e meia. Um ônibus. Desço. Ando quase 10 minutos. Outro ônibus. Ao longo do caminho deixei minha cabeça pender na janela e divagar... quase que em torno do nada... idéias vagas, planos, lembranças. Contudo, no segundo ônibus, quando menos esperei estava com os olhos marejados. Argumentei comigo mesma: "é o cansaço". Ele costuma me deixar triste... mas embora ele estivesse presente, seria injusto responsabilizá-lo. Era uma confusão de imagens jogadas em minha mente... situações delicadas do dia-a-dia, perdas antigas, feridas já cicatrizadas, dúvidas de caminhos a serem escolhidos no futuro, medo do que a vida me reserva, algo pedindo atenção... Até que algumas lágrimas teimosas resolveram dar um passeio... escapulindo, ignorando o ambiente público... Mas não as recrimino (apenas evito), pois o tal ambiente público as ignoram. Não interessa que a maior dor nos acometa. Ou que o coração se encontre partido em mil estilhaços... o mundo lá fora é indiferente. Não consola. Não retarda seu ritmo. Sequer nota. Apenas nos faz parecer menores...

Apagar-me


Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.

Paulo Leminski

Escreve-me ...


Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d'açucenas!


Escreve-me!Há tanto,há tanto tempo
Que te não vejo, amor!Meu coração
Morreu já,e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d'oração!


"Amo-te!"Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d'amor e felicidade!


Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então...brandas...serenas...
Cinco pétalas roxas de saudade...

Florbela Espanca

Um suspiro para o que foi. Um sorriso para o que será!

Deixo honrosamente apenas um suspiro (confesso, talvez alguns) para todas as angústias que insitiram em encularrar minha alma nos últimos dias... e abro um sorriso para o mundo. Um sorriso para a vida que me espera lá fora... e para toda a vida que me aguarda aqui dentro... para todas as emoções que habitam minha alma. E que num sono inquieto permanecem dormentes, apenas na expectativa dos instantes que se farão inesquecíveis pelo merecimento de despertá-las...

Alma e coração abertos... não era esse o lema?

Razão de vida...

Por que toda essa doçura me fascina?? quero viver e trasparecer com esses olhos...

"Considerando o mundo como ele é, um dia feliz é quase um milagre."
Paulo Coelho


E esse dia de paz, é quase um milagre...

Close your eyes and I'll kiss you
Tomorrow I'll miss you
Remember I'll always be true

And then while I'm away
I'll write home every day
And I'll send all my loving to you

I'll pretend that I'm kissing
The lips I am missing
And hope that my dreams will come true

And then while I'm away
I'll write home every day
And I'll send all my loving to you

All my loving I will send to you
All my loving, darling I'll be true

Fim de semana maravilhoso... caminhadas à beira-mar... muito sol... pele bronzeada, mar sem-fim, areia fina e branca acarinhando os pés... e o melhor: momentos em família. Não a família de casa. Nem os tios próximos... apenas família... não interessa que passemos anos sem contato, ou tenhamos crescido uns longe dos outros... há algo que nos deixa permanentemente ligados. Algo que vai além dos laços sanguíneos... acho que é um pedaço de nossas almas... só isso justificaria sermos tão um do outro...

Falando de tristeza ontem, eis os desgostos de hoje... Não importa o quanto você se esforce. Não importa que você faça o melhor possível... Percalços surgirão... obstáculos... topadas... gente te dizendo para desistir... Será q o mundo nos testa? será que temos que superar a essas provas para sermos dignos de continuarmos?
Vou continuar lutando... sou teimosa. E não tenho dúvidas de que diversas vezes ainda terei de enfrentar o monstro dessa desilusão que invade impediosa. Não é ainda que vou me render...

Estava vagando... e divagando. Sem querer, esbarrei numa conversa sobre tristeza. E remomerei: "A felicidade é pouco inspiradora. A poesia anda de braços dados com a dor." Sei que ouvi esta cruel teoria há alguns anos. Já nem me recordo quem a mencionou... O quanto ela tem de injusta? O quanto ela tem de masoquista? Mas e se tiver seu fundo de verdade? Talvez tenha, talvez funcione como mola propulsora. Acho que é isso... apenas nos ajuda a exteriorizar as revoluções de nossas almas... A revelar e descrever aquilo que seríamos incapazes sóbrios ou anestesiados pela paz e felicidade...